domingo, 6 de janeiro de 2019

O Caráter Como Fundamento da Liderança

Ao contrário do que muitos pensam o fundamento da liderança não são os dons naturais ou espirituais, ministérios ou aptidões e habilidades carismáticas. O fundamento da liderança é o caráter.

Sem ele é impossível a sobrevivência da liderança. Sem caráter não há credibilidade e sem credibilidade não há liderança.

Desta forma, objetivamos dar a dimensão e a profundidade necessárias à questão do caráter, pois é aqui que muitos líderes se perdem levando a naufragar com ele toda uma equipe que, provavelmente, tivesse uma plano totalmente diferente.

O pastor Rick Warren, da igreja Saddleback da Califórnia, nos Estados Unidos comenta no mesmo livro:

“O fundamento da liderança não é o carisma pessoal; é o caráter. O carisma não tem nada a ver com o que torna um líder eficaz. A liderança não tem a ver com uma voz de veludo. O que você precisa, na verdade, é de caráter e credibilidade. A liderança é influência, e sem credibilidade sua influência não irá muito longe. Talvez as pessoas o sigam por um tempo, mas não demorará para que percebam que você está num caminho que não leva a lugar nenhum”.

Líderes que possuem credibilidade em função de um caráter refinado, reafirmam seu poder de influência através das pessoas que os seguem.

Os líderes mais conhecidos da história tornaram evidente esta qualidade em suas vidas, atraindo para si pessoas, que se envolveram de maneira integral em seus sonhos, potencializando-os e tornando-os reais.

O Caráter Como Fundamento da Liderança: A credibilidade da liderança

A credibilidade da liderança

O doutor Martin Luther King Jr. é um dos exemplos que devem ser ressaltados, pois toda a sua missão de vida, assim como a credibilidade que conseguiu frente a comunidade de sua época é resultado de um caráter irrefutável.

Esse grande líder nasceu em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia, Estados Unidos da América, foi ordenado pastor batista aos dezoito anos de idade.

Estudou no Morehouse College e no Seminário Teológico de Crozer, concluindo sua pós-graduação na universidade de Boston.

Em 1953, casou-se com Coretta Scott e neste mesmo âmbito escolar entrou em contato com as obras de outro grande líder: Mohandas Karamchand Ghandi (Mahatma Ghandi), cujas idéias tornaram-se sua bandeira filosófica sobre o protesto não violento contra a segregação racial norte-americana.

Em 1955, o doutor Luther King, coordenou um boicote aos ônibus de Montgomery, em função do ocorrido com Rosa Parks: uma mulher negra que havia se recusado a ceder o lugar no ônibus para uma mulher branca.

O protesto durou cerca de 381 dias, terminando com um mandato da Suprema Corte proibindo qualquer transporte público segregador.

Esta iniciativa de Martin seu trabalho reconhecido pela forte e transformadora liderança que exercera sobre a sociedade de seu tempo: o prêmio Nobel da Paz.

“Se você não está pronto a morrer por alguma coisa, você não está pronto para viver” Martin Luther King Jr.

A mobilização de pessoas por um líder depende essencialmente de sua integridade. Se não há caráter, as pessoas notarão e, então, a mobilização se findará.

Se não há caráter, não haverá mobilização pela construção de um ideal.

Uma liderança como a que exerceu Madre Teresa deve ser estabelecida como parâmetro de credibilidade por um ideal comum.

Albanesa de nascimento (1910-1997) Agnes Gonxha Bojaxhiu desenvolveu trabalhos marcados pelo amor ao próximo.

Sua liderança inquestionável, promove outro aspecto importante do relacionamento entre pessoas – servir.

Filha de prósperos comerciantes albaneses, envolveu-se com os menos favorecidos na índia, ficando conhecida como a “santa dos desamparados”.

Em 1949, num toque visionário, funda a Ordem das Missionárias da Caridade, com filias em 111 países por todo mundo, inclusive no Brasil.

Em 1979, recebeu o prêmio Nobel da Paz por seus trabalhados tão bem liderados e seu legado inquestionável.

“Se houvesse pobres na lua, iríamos até lá. O que conta não é o que fazemos, mas o amor que colocamos no que fazemos!” Madre Teresa de Calcutá

O maior treinador de líderes da atualidade John C. Maxwell, fala sobre o TESTE DE ACIDEZ DA CREDIBILIDADE:

“Quanto mais credibilidade você tem, mais as pessoas depositam confiança em você, permitindo, portanto, que você tenha o privilégio de influenciar-lhes a vida. Quanto menos credibilidade você tem, menos as pessoas depositam confiança em você, e mais rápido você perde sua posição de influência”.

A imagem da liderança cristã

A imagem da liderança cristã

O caráter não é fruto somente das experiências que vivemos ou de treinamentos aos quais nos submetemos.

Para a liderança cristã, outro fator é de vital importância para seu embasamento e fortalecimento que é a questão espiritual.

Seguindo o princípio de que toda imagem tem por objetivo transmitir uma mensagem, torna-se importante entender o princípio de tudo, isto é, a criação do homem por Deus e sua vocação natural para liderança.

Sim, o homem foi criado para liderar; estabelecer relacionamentos e viver harmoniosamente em sociedade.

Vejamos o relato bíblico:

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gênesis 1.26-28)

Ser criado à imagem e semelhança de Deus é, também, receber a marca de Seu caráter.

Assim foi que homem se tornou capaz de exercer o que foi dito pelo próprio criador: “domine”.

Como imagem de Deus a mensagem que deveria e deve ser passada, transmitida é a mensagem da integridade no serviço eficaz da liderança.

Esta mensagem foi gravemente danificada por ocasião do pecado original dos primeiros seres humanos.

Entretanto, pelo fato de Cristo ter se tornado homem e habitar entre nós, cheio de glória e majestade, e ter oferecido a sua vida como sacrifício perfeito é que esta “imagem” volta novamente a transmitir o sentido original de sua mensagem: o caráter de Deus!

Caráter transformado pelo Espírito

Caráter transformado pelo Espírito

É o Espírito Santo quem restaura esta imagem antes danificada. Por ocasião do Novo Nascimento o Espírito de Cristo têm a liberdade de agir no coração do homem e desenvolve o fenômeno sobrenatural conhecido como Fruto do Espírito, registrado em Gálatas 5.22,23.

Joyce Meyer, no mesmo livro, revela-nos o motivo mais valioso da vinda do Espírito Santo, tornando o homem sua morada espiritual:

“Deus vai continuar a obra em cada de nós até que cheguemos a agir como Jesus agiria em cada situação da vida; até que manifestemos o mesmo tipo de fruto do Espírito que Ele manifestou”.

A geração do Fruto do Espírito é de fato um processo espiritual cujo alvo final é a reestruturação do caráter de modo divino.

A partir deste ponto analisaremos o Fruto do Espírito, através de seus termos originais em grego, interligando-os diretamente ao caráter humano:

  • Ágape (amor, caridade) – O interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca
  • Chara (gozo, alegria) – Sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na promessa de Deus
  • Eirene (Paz) – A quietude de coração e mente, baseada na convicção de que tudo vai bem entre o crente e seu Pai celestial
  • Makrothumia (longanimidade, resignação) – Perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou para o desespero
  • Chrestotes (Benignidade) – Não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor
  • Agathosune (Bondade) – Zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade ou na repreensão e na correção do mal
  • Pistis (Fé, fidelidade) – Lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade
  • Prautes (Mansidão) – Moderação associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se por equidade quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso
  • Egkrateia (Temperança, domínio próprio) – O controle e o domínio sobre nossos próprios desejos e paixões

O Fruto do Espírito têm haver com nosso relacionamento com Deus e com os homens.

Através deste mover sobrenatural do Espírito Santo, somos transformados cuidadosamente de modo a sermos identificados com o próprio Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo.

E segundo o princípio de que toda a imagem tem o objetivo de transmitir uma mensagem, e se verdadeiramente somos regenerados em nossas atitudes e maneiras de relacionamentos com Deus e o próximo, então a mensagem que deve ser refletida a partir de nossas vidas é a mensagem do ser humano transformado a tal ponto de se assemelhar com o maior de todos os líderes – Jesus Cristo.

A Bíblia reafirma isto:

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8.29)

Assim o Espírito Santo delega ao cristão o poder e a autoridade de viver e de testemunhar conforme o caráter do próprio Deus.

Portanto, a base da liderança cristã não são os dons espirituais, muito embora sejam eles imprescindíveis para a eficácia da missão da igreja que é a de ganhar as nações para Cristo.

Como também não são os ministérios, que se justificam pelo serviço prestado à obra de Deus.

Mas, o caráter irrepreensível e santo é o que vai consubstanciar a desenvoltura do povo de Deus no meio de uma geração carente de integridade e honestidade.

“…para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo”. (Filipenses 2.15)

A geração de líderes nas igrejas evangélicas

A geração de líderes na igreja evangélica

As igrejas evangélicas em todo mundo deveriam ser ícones na formação de liderança de excelência, visto que possuímos as maiores ferramentas para sermos reconhecidos como tal.

As igrejas evangélicas deveriam ser exemplos de altíssimo nível no tocante à liderança, simplesmente pelo fato de deter o conhecimento bíblico genuíno, possuir grandes líderes de organizações de serviços voluntários, pois é o que mais exige influência e autoridade pelo fato de não contratar pessoas, pagar salários e de prometer promoções, e, de ser Jesus, o maior líder de todos os tempos, o Senhor da igreja.

O discipulado deveria ser o ponto de partida para a descoberta de líderes e para as primeiras implementações de ações e medidas, visando descobri-los no meio de um número maior de pessoas, a fim de prepará-los para um desenvolvimento ministerial.

Todavia, não é assim que acontece.

Numa visão global observamos as igrejas sem um programa ou projeto adequado para desenvolvimento e aprimoramento das potencialidades desses vocacionados.

Em função desta gravíssima deficiência os problemas para descoberta de líderes na igreja têm se tornado cada vez mais obscuros.

Soma-se a isto a falta de pessoas preparadas técnica e espiritualmente para servir-lhes de parâmetros, ou seja, pessoas preparadas academicamente e com caráter irrepreensível de maneira a serem copiadas ou miradas como exemplos de vida.

Contudo, destacam-se atualmente trabalhos isolados de algumas igrejas objetivando dar tratamentos diferenciados à questão em análise, como por exemplo:

Igrejas e Ministérios que possuem projetos, como escolas e trabalhos práticos para identificar e desenvolver líderes para este tempo e geração.

O caráter como certificador da liderança

Todavia, há uma carência muito acentuada nesta área. Na maioria das vezes líderes são escolhidos nas igrejas através de critérios falhos e não condizentes para uma missão tão nobre que é a de liderar pessoas, como por exemplo: laço parentesco; tempo do cristão de igreja; alguém com manifestações espirituais dentro da congregação; entre outros.

Entretanto, o melhor “conteúdo programático” para um curso de liderança é encontrado nas páginas da Bíblia, quando Cristo durante três anos de seu ministério confronta e concede nova estruturação de caráter àqueles homens que dariam prosseguimento ao Seu ministério.

Muitos líderes de igrejas têm fracassado nesta questão por estabelecer critérios que não são adequados para a escolha e efetivação de outros líderes.

Geralmente, o entendimento e a visão estão voltados mais para comportamentos espiritualizados dentro da comunidade cristã – aqueles que são tratados como dons e manifestações espirituais.

Contudo, o comportamento extra-igreja e o relacionamento fora das quatro paredes de uma congregação talvez falem mais alto, pois é de se esperar que alguém tenha um comportamento saudável dentro de sua área de atuação espiritual.

Porém, a questão do caráter atravessa estes limites e, quase sempre, traduzem posturas e comportamentos que surpreendem!

A Bíblia Sagrada estabelece além de outros critérios o do relacionamento fora da igreja como prova de autenticidade de caráter para aquele que estará sendo levantado como líder:

“O pastor não deve ser um cristão novato, pois poderia ficar orgulhoso de ter sido escolhido tão depressa, e o orgulho vem antes duma queda (a queda de Satanás é um exemplo). De igual modo ele deve ser bem conceituado entre as pessoas de fora da igreja, aqueles que não são cristãos, a fim de que Satanás não o enlace com muitas acusações e o deixe sem liberdade para guiar seu rebanho”. (1 Timóteo 3.6,7)

Aqui o comentário bíblico atualizado ressalta a chamada pastoral, mas o estender desse conceito não seria exagero para o estabelecimento de líderes nas mais diversas posições dentro da igreja de Cristo.

Este foi o segundo trecho da minha monografia sobre A Pedagogia da Liderança Cristã: O Processo De Formação, Desenvolvimento Ministerial E O Poder De Influência.

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