Líderes bíblicos e suas influências e a sexta e última parte do estudo sobre liderança cristã onde falamos sobre muitos temas incluindo, o caráter do líder, o processo de formação da liderança, a influência da liderança e outros mais.
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Vamos ao estudo!
Líderes Bíblicos e Suas Influências
É irrefutável a questão da influência no seu sentido negativo e positivo. A liderança é caracterizada pela influência exercida sobre terceiros, cujo poder está na mobilização ou manipulação que é conseguida por ela.
Desta forma, a influência de uma liderança pode ser negativa ou positiva dependendo do resultado que se quer alcançar.
O século vinte mostrou-se, através de acontecimentos nacionais e internacionais, como um tempo de conquistas inimagináveis para humanidade, todavia, mostrou-se também como a crueldade e a desumanidade pode ser propagada, estando ela totalmente a mercê de uma influência negativa.
O século vinte, apesar de todo avanço tecnológico que se teve no campo da astronomia, engenharia, medicina, direitos civis, entre outros, revelou atrocidades marcadas por influências destrutivas e degradantes ao mesmo tempo como nos casos das guerras mundiais, holocausto, disseminação das drogas, corrupção dos poderes, comunismo, sociedades secretas, racismo, ditadura…
Estes acontecimentos que marcaram a humanidade tão drasticamente, são resultados de influências negativas que se espalhou por muitos lugares do mundo.
Por outro lado, homens de renomado caráter marcaram a humanidade tão positivamente falando, que suas ações e trabalhos, continuam trazendo benefícios à sociedade até nos dias atuais.
É o caso de Albert Einstein, Albert Schweitzer, Sabin, Thomas Edison, Madre Teresa, Luther King…
A Bíblia também revela as duas faces da influência e mostra como este fenômeno pode ser ultrajante e desagregador.
No quarto livro bíblico denominado de Números que é caracterizado por recenseamentos do povo, como pelas experiências de Israel em suas peregrinações no deserto, o capítulo treze registra o lado obscuro e revoltante da influência exercida naquele momento.
Israel, como povo escolhido, tinha sobre si a promessa de conquista das melhores terras.
Entretanto, esta conquista não se daria de modo fácil, pois eles teriam de conquistá-las. Isto demandaria empenho, disciplina, esperança, unidade e, acima de tudo, fé.
Por orientação divina, Moisés separa doze príncipes para fazer um levantamento estratégico de Canaã, a fim de que pudesse ter um relatório da real situação que os esperava ali.
O mapeamento foi realizado em quarenta dias, entretanto o relatório final é que desestabilizou toda aquela congregação.
E contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviastes; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Anaque… Porém os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim éramos aos seus olhos.
(Números 13.27-33)
A postura e o discurso apresentados pela maioria das pessoas que voltaram da missão de espiar a terra, foram tão negativistas que infamaram o lugar.
A influência negativa causada por aquele grupo de homens desacreditados e sem fé, contaminou uma nação quase na sua totalidade.
Os resultados desta má influência foram diversos, culminando na condenação e morte daquela geração, que circulou no deserto durante quarenta anos por conta de falta de fé, obediência e, também, forte influência negativa.
Então levantou-se toda a congregação, e alçaram a sua voz; e o povo chorou naquela mesma noite. E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhe disse: Ah! Se morrêramos na terra do Egito! Ou, ah! Se morrêramos neste deserto!
(Números 14.1,2)
Reis e líderes maus impactaram a nação de Israel de maneira muito prejudicial.
Em muitas narrativas bíblicas percebemos reis ímpios que seguiram pelos mesmos caminhos ímpios de seus antepassados como no caso de Acabe e Manasses, trazendo maldição e juízo sobre todo o povo.
Do mesmo modo a Bíblia Sagrada registra casos onde a influência positiva e construtiva pode se tornar realidade.
Jesus é o maior líder de todos os tempos. Sua influência transformadora impactou gerações através dos séculos e continua até os dias atuais.
Este é um fato inegável!
Porém, há uma narrativa bíblica que ressalta vários aspectos de uma liderança servidora, onde a influência positiva é tão poderosa sendo capaz de, através da unidade de um povo gerar um admirável milagre.
A história bíblica que envolve Neemias e seu grandioso desafio, que era o de reconstruir os muros de Jerusalém, traduz-se em parâmetros inabaláveis para a liderança e a influência positiva que ali foi desenvolvida.
O fato ocorre cerca de 440 a.C. Neemias é encontrado no palácio do rei Artaxerxes I, na fortaleza de Susã, servindo-o como seu copeiro, seu homem de confiança.
As notícias de que Jerusalém encontra-se humilhada com os seus muros destruídos chegam até Neemias por meio de seu irmão Hanani.
O quadro passado é angustiante e completamente forte para levar este homem de grande caráter à tristeza e a humilhação.
Porém, não o suficiente para o deixar sem atitudes diante de tantas coisas a serem realizadas.
Ao invés de ficar reclamando da sorte que a sua nação teve.
Então, ele busca em Deus a direção para a resolução daquele problema e lança-se com atitudes valorosas modificar a “paisagem” reinante.
Charles Swindoll, em seu livro sobre liderança declara quatro fatores que marcam líderes em tempos de crise que se evidenciaram em Neemias:
“Lemos no versículo 4 as palavras de Neemias, tocado pela necessidade de seu povo: ‘…assentei-me, e chorei, e lamentei […] e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus’.
Nos versículos 4 a 11, há quatro fatores muito significativos que se comprovam na vida dos líderes competentes e espirituais.
Quero que se lembre deles e vou apresentá-los como ocorreram na experiência de Neemias. Vamos examiná-los por ordem.
O líder reconhece claramente as necessidades
“O começo do versículo 4 diz: ‘Tenho eu ouvido estas palavras…’ Neemias não estava preocupado; ele não vivia em um mundo de sonhos, fora da realidade. Ele perguntou então: ‘O que está havendo? Eles responderam: ‘A situação é deplorável’. Ele ouviu as palavras deles”.
O líder se preocupa pessoalmente com a necessidade
“Neemias foi um passo além do reconhecimento do problema. Ele não só ouviu as questões, como também dialogou e se identificou com elas.
Neemias foi chamado para construir o muro, mas primeiro ‘ele chorou por causa das ruínas’. ‘Os muros caíram. Ó Senhor! Como esses muros podem estar derrubados e o povo continuar em segurança?’
Porém, a reação normal é: ‘Os muros caíram? Quem é o culpado? Quem fez isso?’ Mande-me os nomes deles; vou resolver isso’. Essas reações são erradas. O líder deve ter compaixão”.
O líder dedicado vai primeiro a Deus com o problema
“No versículo 5, Neemias diz: ‘Ah! Senhor, Deus dos céus’. Ele orou. …Para quem Neemias trabalhava? Para o rei.
Esse rei era grande e temível na terra, o mais poderoso! Mas, comparado com Deus, o rei Artaxerxes não era nada.
É então lógico que, ao orarmos a Deus, coloquemos as coisas na perspectiva adequada”.
O líder está disponível para atender à necessidade
“Faze que eu seja bem-sucedido. Dá-me compaixão a seus olhos’. Neemias reconheceu claramente a necessidade.
Ele se envolveu nela. Levou-a a Deus. Estava agora pronto a satisfazer a necessidade, se fosse esse o desejo de Deus.
O líder verdadeiro se destaca pela fidelidade diligente em meio a uma tarefa. Essa fidelidade é mais do que uma inclinação passiva.
Ela é demonstrada pela disponibilidade e pelo envolvimento pessoal em atender às necessidades. Não há muito benefício em liderança por procuração”
O livro bíblico de Neemias é um profundo e prazeroso discurso teórico e prático de liderança espiritual.
O líder cristão deve se espelhar nas páginas desse livro e vislumbrar diretrizes e métodos para o bom desenvolvimento da liderança cristã.
Seus comportamentos frente a sua equipe de trabalho; sua maneira de encarar desafios que vão emergindo a partir do momento que se disponibiliza a realizar uma grande obra para Deus; a forma como se posiciona contra as estratégias inimigas; a visão própria que não o mantém prisioneiro diante das dificuldades criadas; a habilidade de solucionar problemas e de posicionar todos de uma forma que deem o melhor de si, são de fato qualidades preciosas para aqueles que têm se lançado neste campo de grandes e desafiadoras “batalhas” que é a liderança.
O primeiro capítulo de Neemias revela um líder de oração, mas, também, um líder de atitudes.
Esta qualidade está fazendo a liderança ser mais eficaz em nossos dias.
Um líder que não tem atitude, se transformará num prisioneiro nas mãos de terceiros; não passará para a sua equipe segurança e ainda criará, por sua omissão, dificuldades que mais cedo ou mais tarde, farão com que sua liderança entre num processo de auto-demolição.
Charles Swindoll continua declarando que Neemias estava, desta forma “saindo do ponto morto”.
Após seu momento de humilhação diante de Deus e confessar os pecados de seu povo ao Senhor,
Neemias prepara-se com jejum e oração para fazer um pedido ao rei que era muito perigoso naquela ocasião.
Se seu pedido para se ausentar de seu posto, ainda que temporariamente, fosse mal interpretado ou provocasse ira no rei, poderia lhe custar a sua própria vida.
Entretanto, sob orientação divina Neemias têm sucesso em seu pedido e não somente isto ele é agraciado por doações e cartas de autoridade que lhe respaldam para o desenvolvimento de sua especial missão.
E o rei me disse: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus e disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros dos meus pais, para que eu a edifique. Então, o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu em certo tempo. Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem passagem até que chegue a Judá; Como também uma carta para Asafe, guarda do jardim do rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, e para o muro da cidade, e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim.
(Neemias 2.4-8)
Ao chegar em Jerusalém, Neemias, mesmo com as horas avançadas, fez um levantamento prévio do local e constatou as terríveis condições de nação.
Orientado pelo Espírito de Deus, este líder memorável, verifica a situação atual daquele lugar e, de posse de informações necessárias, estabelece com total equilíbrio e senso de responsabilidade um plano de ação para a reconstrução dos muros de Jerusalém.
Rick Warren, comenta que a atitude de Neemias foi de extrema importância para a dinâmica de todo o processo:
Todo o líder é capaz de compreender o que Neemias estava fazendo. Estava realizando sua inspeção prévia. Estava comprovando o contexto da situação. Este é o aspecto da liderança do qual nunca ouvimos falar: é a parte solitária do trabalho. A preparação, a comprovação de dados e a investigação não têm nada de encantador nem de emocionante. Sem elas, porém, o plano está condenado ao fracasso… Os grandes líderes protegem seus planos de uma morte prematura.
O capítulo três desse mesmo livro mostra a força do trabalho de equipe, quando a mesma está motivada e pode olhar com segurança e muita inspiração para alguém que está a frente e que possui caráter, honestidade e envolvimento com o objetivo a ser alcançado.
Neemias, não queria o mérito sem o envolvimento – o contrário do que muitos líderes da atualidade pensam e agem na atualidade.
Neemias queria o alvo alcançado, todavia sabia que o mérito seria de todos aqueles que se envolvessem com amor e coragem para conquistá-lo.
A Bíblia traz o registro dos nomes de todos aqueles que trabalharam com garra e afinco na reparação dos muros de Jerusalém.
Todo grande trabalho demanda homens com visão, garra e competência. Geralmente, estas qualidades são encontradas em líderes que fazem a diferença.
Biblicamente falando homens que tiveram grandes experiências com Deus destacaram-se nas situações mais urgentes.
→ Abraão, abandonou sua zona de conforto e partiu para uma terra desconhecida para ser o desbravador de uma nova geração de pessoas que seriam conhecidas como aqueles que se chamariam pelo nome do Senhor;
→ Davi tornou-se um poderoso rei em Israel, multiplicando suas áreas geográficas, isto é, os limites territoriais de sua nação;
→ Esdras disseminou um poderoso avivamento em Israel, levando-o ao arrependimento diante de Deus;
→ Paulo transformou-se em um modelo de caráter irrepreensível para a sua geração, dado a sua identificação pessoal e espiritual com o próprio Cristo.
Entretanto, todos esses grandes homens que impactaram suas gerações com poderosa influência, sofreram cruéis oposições.
Foram perseguidos, tornando-se alvos de calúnias e sofrimentos.
Neemias também traz esta marca em seu ministério, pois quando se disponibiliza para trazer à realidade aquilo que está no coração de Deus, vê inimigos se levantarem para impedir a concretização de seu projeto original.
Contudo, é muito pedagógico observar todo o movimento sábio e estratégico de Neemias no sentido de resguardar o seu povo da oposição e males emergentes, como também de manter o seu plano vivo mesmo debaixo de intensa perseguição.
E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos os muros, ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus. E falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão?Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas? E estavam com ele Tobias, o amonita e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra… E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?
(Neemias 4.1-3; 6.3)
Neemias demonstra extrema habilidade em liderar o seu povo e consegue canalizar todas as forças do mesmo para o bem comum de toda a nação, que era o de reerguer os muros e mais ainda os benefícios que conseguiria agregar aos seus irmãos, no tocante ao moral restituído; a restauração do mal psicológico que lhes afeta todas as vezes que viam os muros caídos, além do espírito nacionalista que surgiu com a reparação dos muros da cidade.
O tempo recorde de construção dos muros de Jerusalém, causa admiração e espanto ao mesmo tempo.
Além de ter sido resultado de um inteligente trabalho de equipe, bem coordenado por este grande líder chamado Neemias, foi também um poderoso milagre operado entre aqueles que estavam unidos através da singeleza de coração e fé.
Cinqüenta e dois dias foram suficientes para que o sonho se tornasse realidade; suficientes para tornar a visão uma realidade.
O fruto de uma liderança sadia e focada no bem comum, será sempre um poderoso milagre, pois, encontraremos aí, “ingredientes” necessários a concretização de qualquer objetivo!
Conclusão
Almeja-se alcançar com este trabalho novos padrões e diretrizes de comportamentos e maneiras de pensar, concernentes ao desempenho de excelência na área de liderança cristã, incorporando ao estilo de liderança de cada líder cristão, conceitos, aptidões e habilidades que se desdobrarão em uma melhor performance de sua vocação ministerial.
Procurou-se tornar transparente a problematização de áreas que mais afetam a liderança cristã nos últimos tempos, que têm gerado prejuízos inestimáveis e quase sempre irreversíveis à igreja como corpo de Cristo na terra, que é a questão do caráter, formação e desenvolvimento do líder cristão.
Contudo, tratou-se também de aspectos que se observados poderão gerar benefícios diversos à liderança cristã, impactando-a de maneira positivo, através de suas qualificações e marcas imprescindíveis ao excelente exercício da liderança que deve ser: transformadora, servidora, construtiva e impactante.
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